A Liga MX, principal competição de futebol no México, está no centro de uma disputa judicial complexa. Clubes da segunda divisão, a Liga Expansión, entraram com uma ação no Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) para contestar a decisão da Federação Mexicana de Futebol (FMF) de manter a elite nacional “fechada”, sem rebaixamentos ou acessos. A questão também deve ser levada ao Senado mexicano, mostrando a gravidade da situação. A polêmica se intensificou após o fim do prazo estipulado para a reestruturação financeira dos clubes, período em que a mobilidade entre as divisões foi congelada. A decisão do TAS, que pode mudar o cenário do futebol no país, é aguardada com expectativa.
O Contexto da Disputa: Liga MX “Fechada”
A pandemia de Covid-19 foi o ponto de partida para a polêmica. Em 2020, a FMF decidiu suspender o rebaixamento e o acesso entre a Liga MX e a Liga Expansión, visando a reestruturação financeira dos clubes. Essa medida, que inicialmente tinha um prazo de seis temporadas, previa o fim do “fechamento” após o término do período estipulado. Em contrapartida, os clubes da segunda divisão receberam um subsídio de um milhão de dólares por temporada. No entanto, ao final do prazo, a FMF optou por manter a Liga MX fechada, frustrando as expectativas dos clubes da Liga Expansión e gerando a ação judicial.
Os Clubes da Liga Expansión e a Ação no TAS
A decisão da FMF de manter a liga fechada motivou diversos clubes da Liga Expansión a buscar seus direitos. A ação no TAS, um tribunal internacional com sede na Suíça, é liderada por seis equipes: Atlético La Paz, Atlético Morelia, Cancún, Mineros de Zacatecas, Venados e Leones Negros. Os clubes são representados pelo advogado brasileiro Eduardo Carlezzo. Inicialmente, o grupo era maior, mas alguns clubes desistiram após a FMF cortar a verba destinada à Liga Expansión em retaliação à ação judicial. A esperança dos clubes é que o TAS determine a reabertura da Liga MX, permitindo o acesso dos times da segunda divisão à elite do futebol mexicano.
A Posição da Federação Mexicana de Futebol (FMF)
A FMF justifica a manutenção da Liga MX fechada com base em regulamentos e acordos prévios. O presidente executivo da FMF, Ivar Siniesga, defende que o corte de verbas para os clubes que processam a entidade é uma cláusula prevista e que faz parte do acordo firmado na época da suspensão dos rebaixamentos e acessos. A federação argumenta que a ação judicial impede o repasse dos subsídios, seguindo o que foi acordado. A FMF também impõe a exigência de que ao menos quatro clubes da Liga Expansión tenham seus cadernos de certificação aprovados para competir na elite, um ponto criticado pelos clubes e por seus representantes legais.
As Críticas e a Visão dos Clubes da Liga Expansión
O advogado Eduardo Carlezzo, representante dos clubes da Liga Expansión, critica a postura da FMF e a considera inconstitucional. Carlezzo argumenta que a cláusula que condiciona o recebimento de subsídios à não participação em ações judiciais é uma forma de coibir os clubes de buscarem seus direitos. Ele também critica os critérios de certificação impostos pela FMF, que considera vagos e subjetivos. Carlezzo alega que a exigência de quatro clubes certificados é uma manobra para manter a liga fechada e impedir o acesso das equipes da segunda divisão. A proposta dos clubes é pela volta do modelo anterior, com apenas um clube rebaixado e outro promovido, visando promover a competitividade e o desenvolvimento do futebol mexicano.
O Futuro da Liga MX: Decisão no TAS e Envolvimento Político
A disputa entre os clubes da Liga Expansión e a FMF promete ter desdobramentos importantes. Além da ação no TAS, o assunto chegou ao Senado mexicano, mostrando a relevância da questão. O senador Clemente Castañeda, do partido político Movimento Cidadão, anunciou que o tema será pautado no Congresso da União, evidenciando o interesse público na questão. A expectativa dos clubes é de que a Liga MX seja reaberta a partir de julho de 2026. A decisão do TAS, esperada para o fim do ano, será crucial para definir o futuro do futebol mexicano e a possibilidade de acesso dos clubes da Liga Expansión à elite do esporte.

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